terça-feira, 1 de outubro de 2013

Entrevista da pesquisa com mestre João Paulo do maracatu Leão Misterioso










 
"maracatu é pesado não é pra todo mundo não. é negócio de doido por que a gente investe tudo o que tem e ainda tem prejuizo por que o investimento é alto. pelas dificuldades que se enfrenta dá vontade de repassar o maracatu. mas a paixão pelo brinquedo é ainda maior.
na opinião do mestre joão paulo, ações de política cultural ainda deixam muito a desejar.
" Mestre João Paulo, Maracatu Leão Misterioso







 

o mestre João Paulo considera o fazer musical como um processo intuitivo e não sistemático. 
         
mestre João Paulo diz que cantar  maracatu é um dom. o repasse da arte depende da aptidão do aluno e conta para os pesquisadores algumas de suas  experiências. A sistematização da musica não faz parte de seu universo de desenvolvimento musical. Pra ele a musicalidade é intuiçao.  “não adianta botar a cabeça num negócio que  a pessoa não tem inspiração pra aquilo" , acrescenta Luiz Caboclo.  


MESTRE ZÉ DUDA: gostaria que você me contasse a como você entrou no maracatu. qual foi sua inspiração pra cantar?

 
MESTRE JOÃO PAULO:  sempre acompanhei o maracatu leão formoso. ainda não tinha vontade de cantar mas acompanhava. “respondi” muito ao mestre cosme antonio em sambada. eu cortando cana... aí tinha um mestre de boi chamado luiz ramos e lá a gente começou a cantar umas marcha e ele me chamou pra ir ao ensaio dele, perguntou o que eu queria cantar. depois disso o povo gostou e didi me chamou pra cantar num concurso do boi. sei que o pessoal acabou gostando mais de mim do que do proprio mestre. entao cantei e fiquei em terceiro lugar. mas minha inspiração mesmo foi com mestre Dedinha com o Canário Voador em Belo Oriente. ele cantava uns versos bem alinhados. comecei no Boi, cantando os versos de Dedinha..Minha inspiração foi mestre Dedinha de Araçoiaba.

M Z D. : quantos anos você brincou no maracatu leão formoso? 

M JP :  cinco anos

M Z D: depois você formou o leão misterioso?

M JP: foi

M ZD: o que você diz da profissão

M JP: eu amo a profissão de mestre, por que foi através disso que eu fiquei conhecido no cenário da cultura, na cidade de São Paulo e em vários outros lugares.

M Z D: existe diferença entre o seu maracatu e o Leão Formoso?

M JP : existe por que no formoso eu fui mestre mas no misterioso eu sou mestre e eu eu sou o dono entao tudo passa pelas minhas maos.

M Z D: você se sente orgulhoso ou não por ser conhecido como o papa do maracatu?

M JP: não, por que o titulo de mestre foi so por causa do cd que eu gravei. um amigo botou esse apelido por que na época, o papa tbm se chamava joao paulo. mas não tem nada haver com algun mérito, é um apelido. não tem por que me engrandecer por causa disso.


“um mestre pra gravar com outro mestre é muito fácil, mas gravar sozinho como eu e voce fizemos é difícil.”

MESTRE LUIZ CABOCLO: em todos esses anos o que mais marcou você dentro da brincadeira de maracatu?



MESTRE JOÃO PAULO: o que marcou mesmo foi um dia que eu estava cantando num palco em carpina e veio uma mulher pedindo uma esmola. eu continuei cantando e fiz um verso que dizia: “pra que rasgar a camisa de um menino indo pra escola, pra que negar uma esmola? quem pede é por que precisa”. entao ela tirou uma moeda de um real e veio me dar dizendo que eu era muito bom e que tinha tocado ela com meu verso.

M LC.: pra vc qual a importância do mestre caboclo?

M JP: mestre caboclo pra mim é exemplo de responsabilidade e bom exemplo dentro de um maracatu. tem que saber trabalhar dentro do maracatu nos adereços inclusive. não é só a beleza da dança que conta. 

AFONSO OLIVEIRA: a entrada dos violeiros no maracatu mudou muito?

MESTRE  JOÃO PAULO mudou. e o jeito dos mestres cantar também. os mestres se aperfeiçoaram com os cantadores de viola. a métrica das rimas também evoluiu.




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