terça-feira, 1 de outubro de 2013

entrevista da pesquisa com mestre Deca Emiliano do bloco rural Andaluza de Tracunhaém.





MESTRE ZE DUDA: como você entrou na vida de cantar?
MESTRE E DECA: Luiz maquinista me convidou pra fazer um bloco no engenho Abreu de Tracunhaém...
M Z D: na sua família tem algum poeta?
M D: não. aprendi a cantar com Luiz que me convidou pra acompanhá-lo. quando ele decidiu parar de cantar ele me chamou pra ficar no lugar dele. então eu fui numa loja de Nazaré, comprei um apito e até hoje...
M ZD: e como era a questão relativa a cultura no tempo que você começou a cantar, comparada aos dias de hoje?
M D: hoje é bem melhor, é mais fácil pra trabalhar  com cultura. naquele tempo a gente nem sabia o que era cultura. não tinha transporte, não tinha cachê. naquela época a gente tinha que pedir   de porta em porta, na zona rural, pra poder botar bloco na rua.
M ZD: como você se sente com seu pessoal do passado e do presente? é diferente?
M D: hoje é diferente.  antigamente as meninas obedeciam as ordens do mestre. hoje são menos obedientes.
M ZD: existe rivalidades dentro do brinquedo?
M D: não.
MESTRE LUIZ CABOCLO:  o que mais marcou dentro do Andaluza?
M D: fui eu mesmo. canto há quarenta e sete anos e não tem pra ninguém. o mais que tem de marcante dentro de Andaluza sou eu.
M LC: o senhor já teve alguma concorrência com outro bloco?
MD: só de bem, de mal não. nunca tivemos mal querência com ninguém. ‘cruzamos’ bandeira com qualquer bloco  ou brinquedo.
M LC: alguém da sua família participava do Andaluza
MD: ninguém, sé eu. eles apoiavam mas não brincavam. já teve filha minha que saiu durante uns quatro anos.
M LC: qual foi sua maior alegria dentro do Andaluza?
MD:  minha maior alegria foi quando o andaluza foi reconhecido pelo governo como ponto de cultura.
M LC: alguma tristeza em relação ao andaluza?
MD: não. apenas me senti magoado quando um outro mestre quis me “derrubar”.

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