MESTRE ZE DUDA: como você entrou na vida de cantar?
MESTRE E DECA: Luiz maquinista me convidou pra fazer um
bloco no engenho Abreu de Tracunhaém...
M Z D: na sua família tem algum poeta?
M D: não. aprendi a cantar com Luiz que me convidou pra
acompanhá-lo. quando ele decidiu parar de cantar ele me chamou pra ficar no
lugar dele. então eu fui numa loja de Nazaré, comprei um apito e até hoje...
M ZD: e como era a questão relativa a cultura no tempo que
você começou a cantar, comparada aos dias de hoje?
M D: hoje é bem melhor, é mais fácil pra trabalhar com cultura. naquele tempo a gente nem sabia o
que era cultura. não tinha transporte, não tinha cachê. naquela época a gente
tinha que pedir de porta em porta, na
zona rural, pra poder botar bloco na rua.
M ZD: como você se sente com seu pessoal do passado e do
presente? é diferente?
M D: hoje é diferente. antigamente as meninas obedeciam as ordens do
mestre. hoje são menos obedientes.
M ZD: existe rivalidades dentro do brinquedo?
M D: não.
MESTRE LUIZ CABOCLO:
o que mais marcou dentro do Andaluza?
M D: fui eu mesmo. canto há quarenta e sete anos e não tem
pra ninguém. o mais que tem de marcante dentro de Andaluza sou eu.
M LC: o senhor já teve alguma concorrência com outro bloco?
MD: só de bem, de mal não. nunca tivemos mal querência com ninguém.
‘cruzamos’ bandeira com qualquer bloco ou
brinquedo.
M LC: alguém da sua família participava do Andaluza
MD: ninguém, sé eu. eles apoiavam mas não brincavam. já teve
filha minha que saiu durante uns quatro anos.
M LC: qual foi sua maior alegria dentro do Andaluza?
MD: minha maior
alegria foi quando o andaluza foi reconhecido pelo governo como ponto de
cultura.
M LC: alguma tristeza em relação ao andaluza?
MD: não. apenas me senti magoado quando um outro mestre quis
me “derrubar”.
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