sábado, 12 de outubro de 2013

2ª etapa do projeto: Mestre "Biloco"


MESTRE BILOCO
“Nunca vi um ‘cabra’ cantar a ciranda sem resposta.  eu conheço ciranda assim: o cirandeiro canta  a musica dele e a cirandeira responde. um vocal com duas ou três meninas  bem afinadas incentiva o mestre.
Meu irmão era sargento da policia ele morava detrás do Carmo    e dava aulas de música na Saboeira.  eu via os menino aprendendo musica eu ficava roendo. via os meninos lá uns tocando clarinete. eu achava bonito. eu comprei um caderno de musica e disse eu vou aprender a ler. ai meu irmão dizia assim venha. primeira lição: semibreve  do-re-mi-fa-sol-La-si –do-do-si-La-sol-fa-mi-re-do. tempo, compasso. ..na décima nona lição, leitura rítmica.meu irmao dizia: “ta certo mas ta errado”. ele não sabia me explicar o que era uma nota pontuada. mas aí eu já tocava sem saber nem a escala dos instrumentos. meu irmão dizia: “olhe, se você pegar no trombone eu dou uma pisa”. ate que enfim teve uma falta de musico de trombone no clube saboeira  e eu tocava sem nem estudar. meu irmão mesmo que me indicou La na saboeira. nessa época me chamavam biluca. mandaram eu trocar o surdo pelo trombone pra tocar entre os tenentes da policia."
o mestre Biloco contou aos pesquisadores que, mesmo sem dinheiro, o carnaval antigamente era organizado. mas ele diz que hoje em dia,  esta difícil contar com ajuda dos comerciantes  de Goiana para patrocinar  as troças, os blocos- isto por que eles acreditam que estamos recebendo dinheiro do governo mas eles estão enganados” (ele diz). antigamente as bandeira dos brinquedo, os estandartes,  se levava enfeitado de dinheiro o povo ajudava mesmo. 

'Severino Feliciano da Silva (Brejo,1943), mais conhecido como Mestre "Biloco", cresceu no municipio de Goiana, mata note pernambucana, em uma famlilia de musicos populares. Seu pai, foi cantador de seresta e um de seus irmåos, musico de sopro em banda militar. Desde a infancia, Mestre Biloco  acompanha o desenvolvimento cultural e musical de Goiana. Sua trajetoria, tanto pessoal como artistica  é de superaçåo: apesar das dificuldades, Mestre Biloco, emprega sua energia para manter viva a musicalidade inerente a sua regiåo de origem, seja formando novos musicos ou animando festas  de rua e de baile nas cidades da mata norte pernambucana. É na Ciranda, no Maracatu, na Aruenda, no Frevo no improviso das  sambadas e nas bandas marciais que mestre Biloco expressa seu conhecimento e seu amor pela musica. Mestre Biloco é uma personalidade da historia da musica local pernambucana e esta à  frente da Orquestra Independente, fundada por ele hå mais de vinte anos. Mestre Biloco e um musico de talento e experiencia impares, e conserva valores como simplicidade e humildade.'



Zé Duda: Você se inspirou em quem? 

Biloco: eu fico meditando as coisas deitado. você fica procurando assim sua parte e a resposta. cantor é assim, você começa. aí pensa: isso da um bolero ou um samba. ai outro da uma opinião, e outro também. a musica termina com quatro pessoas fazendo uma musica só.
então sai tudo da sua ideia. r.
é. o povo me chamava pra tocar ciranda e eu pegava de ouvido.  foi um dom que Deus me deu.

ZE DUDA:que diferença tem da ciranda pé de pau pra ciranda do embalo, de agora?

BI LOCO:  Eu não conheço cidade com ciranda. ciranda é do sitio, desse povo ai que limpa mato, do corte de cana, do maracatu. do povo que gosta de cantar coco de roda. ciranda não foi criada na cidade. todo mestre cirandeiro, é a mesma coisa do maracatu: um apito e uma bengala cheia de anel, eu conheço assim. dois candeeiros grandes feito na aruenda, eu conheço assim.
a ciranda tem  quatro compassos : dois pro cirandeiro e dois pra cirandeira que é a resposta. mas se passar de quatro compassos não ta cantando ciranda ta cantando maracatu.




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