segunda-feira, 21 de outubro de 2013

MANÉ DO BOI - Maracatu Estrela de Tracunhaém



Seu "Mané do Boi"

Minha vida é uma vida suave. Estrela de Tracunhaém é um maracatu que tem nome e já se apresentou em diversos lugares, até chegamos a fazer participação em uma telenovela (duas caras – rede globo, 2007). Meu envolvimento com a cultura hoje é como dono do maracatu estrela de Tracunhaém. Recentemente, recebemos um diploma de reconhecimento público enviado pela presidenta Dilma Rousseff.  Eu e o  antigo mestre do meu maracatu que se chamava Batista, demos ‘muitas passadas’ pra botar esse maracatu pra frente e conseguir  e também manter  a associação de maracatu em Goiana. Mas hoje infelizmente não sinto reconhecimento a partir dos próprios membros da associação que criei. São 116 maracatu, ma começamos com treze. A sede no município Aliança-PE e o patrimônio é fruto do meu trabalho junto com o falecido mestre Batista. 
 

Meu primeiro mestre de maracatu foi Gentil Jose dos Santos, eu sou padrinho do filho dele. Ele só brincou um ano e no ano no meu maracatu, pediu pra sair e no ano seguinte ele montou o maracatu dele. Eu tenho orgulho por ser maracatuzeiro, apesar de todo custo que essa função envolve.O que ficou de maracatu pra mim são as amizades. Mas financeiramente eu me prejudiquei.



                       

A marcha é o que me chama mais atenção dentro de um maracatu. O samba é bonito, tudo bem,  mas a marcha é só o improviso e agradar o povo pra brincar.  O fogazáu, os caboclo as baianas tudo brinca mais na marcha mas  quando o mestre para pra sambar, todo mundo também tem que parar pra ouvir. Na marcha não, todo mundo brinca. Eu não sou mestre, não sei cantar nada, só soube fazer o maracatu. Depois que eu fiz o maracatu eu não brinquei mais de caboclo fiquei só na parte da organização

                                             


 
Eu não tenho o que falar do passado. Mas  está bem melhor hoje, pois acabou a violência no maracatu. Antes crianças não podia brincar maracatu ,mulher não brincava de baiana por que os caboclos não deixavam... hoje todo mundo pode brincar maracatu com segurança e com respeito pelo próximo.
  Antes era maracatu rural, hoje é maracatu de baque solto. porém hoje em dia considero negativo o fato de qualquer um, mesmo sem tradição dentro da cultura e sem o número mínimo de caboclos, poder botar um maracatu na rua, e ter os mesmos direitos que um maracatu que luta há trinta anos tem.
 

parte das gravaçoes do cd MESTRES EM MOVIMENTO aconteceu em Goiana...





Os mestres em movimento musical: durante a penultima etapa de gravaçåo do cd do projeto Mestres em Movimento.
no centro cultural SEBASTIÅO GROSSO na cidade de Goiana-PE. La estiveram Mestre Neilton com os Indios Tabajara, Mestre Bi Louco (Orquestra Independente) com sua ciranda improvisada de metais e tudo o mais; e pra fechar com chave de ouro, o Coco da Yå da mestra Måe Nininha.



segunda-feira, 14 de outubro de 2013

MESTRE NEILTON: INDIOS TABAJARA- Goiana-PE




 
MESTRE NEILTON - Indios Tabajara Goiana-PE

 
"no terno  são dois bombos uma  gaita, uma maraca e uma conga. mas no Recife a comissão não permite usar  maraca nem conga. nas reuniões eu faço esse debate pq esses instrumentos fazem parte da história da brincadeira de índio. o índio usa o arco e o tamborzinho nas costas pq é a arma deles. os Fulni Ô não tem instrumento é só os dois chefes, eles cantam e dançam com maraca. mas seu for pra Recife com maraca eu sou desclassificado."



ZE DUDA: como foi que surgiu essa ideia de você fundar um caboclinho?


MESTRE NEILTON: no ano de1965, um sargento de goiana fundou uma tribo com nome de pantera negra. e eu de crança me incentivei comecei a ensaiar com ele mas durou so um ano. minha  bisavo  contava uma historia pra minha avo que essa tribo tabajara ela ditava em goiana no eng jacumim em goiana, eram de La esses índios tabajara. minha avo passou pra mim que La existiu essa tribo. eu sou descendente de índio e  minha esposa também  é. sempre acompanhei troça e caboclinhos em goiana, boi, burra maracatu... goiana era terra de maracatu na época.  me parece, tinha uns sete maracatu. agora é terra de caboclinho os caboclinho cresceram, os  maracatu vieram tudo pra Nazaré da mata. por ter gostado de sair nos panteras negras e eu resolvi fazer uma fantasia indígena pra relembrar essa experiencia. quando eu botei minha fantasia, minha mulher disse: rapaz, eu vou procurar uma criança pra sair fantasiada com você pra lhe apoiar. então ela trouxe seis crianças e fez fantasia pra tudinho. eu disse: e agora eu vou sair feito um doido com um bocado de menino fantasiado?  aí eu falei com uma vizinha que batia coco de roda e aluguei os instrumentos dela  pra eu começar a ensaiar com os meninos. acabei juntando vinte crianças e ensaiava todo final de semana.   depois da fundação do que hoje se tornou os Indios Tabajara,  brinquei em Goiana, Condado Nazaré da Mata, Tracunhaem,Araçoiaba, Olinda...



ZE DUDA: quanto tempo tem sua agremiação? 


NEILTON: 38 anos, foi fundada em 1975.


ZE DUDA: que é que vc diz do seu passado e do seu presente trabalhando com cultura popular? 


MESTRE NEILTON: pra mim o passado era melhor. não precisava de cachê de prefeitura todos componentes saiam por amor. agora quanto mais a pessoa investe é pior.  quando comecei a me apresentar em recife tive que sair da origem. mudou totalmente tudo, fantasia investimento, tudo mudou. é por isso que eu digo que somos escravos, pegou o dinheiro de uma prefeitura só faz o que  ‘ela’ quer, a pessoa não fica a vontade... no passado, quando não tinha cachê de prefeitura a pessoa brincava a vontade era convidado a sambar na porta dos colegas. o povo tinha o maior prazer de beijar o estandarte, colocar  dinheiro no estandarte. agora é complicado a prefeitura faz muitas exigências e então a gente é obrigado a seguir um regulamento  vc  tem que investir muito. agora a gente é escravo da prefeitura.  



ZE DUDA: você se sente feliz com o pessoal que brinca na sua agremiação?



M. NEILTON:sim por que somos todos  uma família. da minha casa são vinte e seis membros. dois netos na bateria. um deles tornou se o melhor gaiteiro dentro de goiana, toca bombo também.

criei  minhas filhas dentro da agremiação. saem todos fantasiados não deixo nenhum em casa.

domingo, 13 de outubro de 2013

Mãe Nininha (e seus mestres espirituais) puxa o Coco da YÁ!



Mãe Nininha  do COCO DA YÁ

Mãe Nininha: "me sinto muito feliz e realizada"

ZÉ DUDA: MAE NININHA A SENHORA VAI ME CONTAR COMO FOI QUE ENTROU NA VIDA CULTURAL. TEM ALGUMA FAMILIA QUE USA CULTURA?
mae nininha: TEMPO DE CRIANÇA FUI CRIADA DENTRO DO COCO DENTRO DA CIRANDA, BABAU, MARACATU CABOCLINHO... MAS O MEU IDEAL ERA SEMPRE O COCO SEMPRE ME DESTAQUEI MAIS PRA COCO DESDE MENINAEU FUGIA DE CASA PRA BRINCAR COCO LONGE , ATRAVESSAVA O RIO  CAMUCIM QUE ERA UM ENGENHO  EU SOU NATURAL DE LÁ DE CAAPORÃ. MAMAE DESCOBRI.
“OS PROPrIOS MESTRE DE COCO DIZIA A MINHA MÃE: ‘MAS DONA NÔ, QUE MENINA DANADA. CANTOU COCO DANÇOU COCO LEVANTOU A POEIRA’. E AÍ O PAU CANTAVA POR QUE EU SAIA ESCONDIDO, QUE NÃO ERA O CORRETO. DEPOIS EU FUI CRESCENDO MINHA FOI DEIXANDO EU IR.”
NAQUELE TEMPO ERA UM COCO DE CHAO BATIDO, ALI COMEÇOU MINHA VIDA DE COCO. EU CANTAVA COCO QUE O POVO ENSINAVA,CANTAVA NA RODA. MAS PRA TIRAR COCO MESMO ISSO VEIO DE UNS 12 ANOS PRA CA. NAQUELE TEMPO EU CANTAVA COCO DOS OUTROS MESTRES, NUNCA ME INTERESSEI , NUNCA OLHEI PRA DENTRO DE MIM SE EU TINHA CONDIÇOES DE FAZER UM COCO. HOJE EU SEI O QUE EU TENHO. EU OLHO PRA aQuELE MATO E FAÇO UM COCO. 

ZE DUDA: E NA SUA FAMILIA TEM ALGUEM QUE CANTASSE COCO OUA SENHORA SE INSPIROU EM ALGUEM?

M. N. : EU ME INSPIREI  MAIS  NUM RAPAZ CHAMADO ZE GRANDE. ESSE HOMEM AINDA SE ESTIVER VIVO ATE OANO PASSADO ESTAVA SE ENCONTRA EM ALHANDRA. É UM CEGO DE GRANDE TALENTO POREM ESQUECIDO. ELE TOCA E CANTA COCO E CIRANDA MUITO BEM. ERA PROS COCO DELE QUE EU FUGIA PRA IR. ERA AQUILO QUEU QUERIA EU ACHAVA BONITO.

ze duda: E A SENHORA QUE DIZ DA CULTURA PASSADA PRA ESSA AGORA?

mae nininha: A COISA HJ TA MAIS FáCIL PQ HJ VC TEM MAIS CONDIÇOES DE TER SUA BRINCADEIRA NA SUA PORTA. MAS OLHANDO PRO LADO POLITICO DOS GESTORES A COISA TA FEIA ESTAMOS SOZINHOS  SO COM NOSSO TALENTO PQ SE DEPENDER DE GESTORES A GT NÃO VAI PRA LUGAR NENHUM. EU FAÇO COCO ULTIMO SABADO DE CADA MÊS E FAÇO SOZINHA COM O PUBLICO. PRA SUSTENTAR UM BRINQUEDO NÃO E FACIL, A GENTE GASTA TUDO o que tem...
NO TEMPO PASSADO A GENTE LEVAVA TUDO ASSIM NATURALMENTE. SE VC PUDESSE COMPRAR UMA ROUPRA PRA IR PRO COCO TUDO BEM SE NÃO AO QUE VC TINHA ERA MT BEM VINDO TBM. ERA PRECARIO Por Que  a GenTe NÃO TINHA CONDIÇOES DE TER UM INSTRUMENTO QUE PRESTASSE, UM AMBIENTE DESCENTE...DE UM LADO MELHOROU MUITO MAS AINDA TENHO MUITA SAUDADE DO TEMPO DE OUTRORA.

ZE DUDA: QUANTOS ALUNOS TEM SEU COCO?

mae nininha:ESTOU COM DOZE ALUNOS AGORA.

ze duda: JÁ ENSINOU ALGUEM?
 
mae nininha:SIM, JÁ TEM MENINA QUE BATE SOZINHA.

ENTAO JÁ TEM GENTE QUE CHEGA A DIZER QUE APRENDEU COM A SENHORA.?
SIM.

ze duda: LHE ENGRANDECE ISSO? TEM PREMIO MELHOR QUE ESSE? 

mae nininha: NÃO, ESSE É O MAIOR PREMIO

luiz cabolo: COMO A SENHORA SE SENTE HOJE? O QUE A SENHORA ADQUIRE HJ NA CULTURA POPULAR?

mae nininha: EU ME SINTO UMA PESSOA REALIZADA. MAS EU ME SINTO DENTRO DA CUTURA HJ UMA PESSOA REALIZADA. NUNCA BOTEI NA CABEÇA QUE IA SER CHAMADA UM DIA DE MESTRA DE COCO. NÃO ESPERAVA  TANTO RECONHECIMENTO DENTRO DA CULTURA POPULAR. SOU MUITO AGRADECIDA A DEUS.

LUIZ CABOCLO: O QUE FOI QUE A SENHORA CANTANDO COCO, QUAL FOI A COISA QUE MAIS LHE EMOCIONOU?

MÃE NININHA: FOI O COCO QUE EU  FIZ PRA MINHA MAE. ESSE COCO É MUITO ANTIGO. MINHA MAE TINHA PERDIDO UM SAPATO  QUE ELA IA USAR PRA UM CASAMENTO, ELA FICOU MUITO TRISTE, CHORANDO... DESSES DOZE ANOS PRA CA EU BOTEI NA CABEÇA QUE IA FAZER UM COCO PRA ESSE EPISODIO, E FIZ.  O NO O NO SACODE AGUA O NO PERDEU O SAPATO VOLTOU PRA CASA CHORANDO
E NA VERDADE ESSE COCO TEM OUTRA VERSAO É DE COISA DUVIDOSA, COM SEGUNDAS INTENÇOES. NA VERDADE ESSE COCO ERA “O CABAÇO”. MAS SE EU CANTASSE ASSIM IA TER PROBLEMA COM MEUS PAIS. MAS  HJ EU TIREI  ESSE COCO NESSA vERSÃO DO SAPATO.
GOSTO QUE MEU COCO SEJA ACEITO POR TODAS AS IDADES. NÃO FAÇO COCO COM LETRAS DE DUPLO SENTIDO OU PALAVRAS FEIAS. 

EU RECEBO UM ESTRE ESPIRITUAL CHAMADO ZÉ FILINTRA. ELE NA SUA ÉPOCA DELE FOI MESTRE DE COCO MESTRE DE MARACATU.   VEJA DE ONDE VEIO A RAMA DO MEU COCO:ESSE MESTRE NAS FESTAS Dele ELE NÃO QUERIA JUREMA, QUERIA COCO.  ESSE COCO PEGOU, MESMO, PEGOU PUBLICO. AI SEU ZE DISSE, NÃO! DIGA A MINHA FILHA QUE o coco para o publico tem que ter outro lugar. mas ainda bati cinco coco na casa dele ainda. o coco dele não podia ser aberto ao publico. ele me cobrou isso. aí eu fiz o coco da Yá,quer dizer,  o coco da mãe, que é aberto ao publico. e o coco de seu Zé Filintra, que faz parte da minha vida espiritual, acontece so uma vez no ano eé fechado pra quem é da religião. então coco da Yá nasceu por conta desse mestre, Ze Filintra. quer dizer, o dom de tirar coco não foi meu é dele.